Medo do julgamento

por Mário H. Noronha

Tópico deste conteúdo: Como o medo do julgamento contribui para o medo do fracasso

A quem pode interessar ler: pessoas e profissionais

Neste segundo texto do mês atual, abordaremos o medo do julgamento, um dos fatores que pode contribuir para o medo do fracasso.

Medo do julgamento significa que uma pessoa se preocupa - excessivamente - com o que os outros vão pensar - ou dizer - em caso de fracasso e isso pode incluir o medo de desiludir os outros, de ficar envergonhado(a) ou de enfrentar críticas.

Esse medo pode resultar numa busca pelo perfecionismo e, embora lutar pela perfeição não seja inerentemente mau, um nível prejudicial de perfecionismo, motivado pelo medo do julgamento, pode conduzir à insatisfação da pessoa e a nunca se sentir suficientemente bem, independentemente das suas conquistas.

"Julgar os outros torna-nos cegos, enquanto o amor é iluminador. Ao julgar os outros, cegamo-nos para o nosso próprio mal e para a graça a que os outros têm tanto direito como nós." - Dietrich Bonhoeffer

Uma possível solução será a pessoa procurar feedback, ou seja, incentivar a procura de contributos construtivos, não como crítica, mas como uma ferramenta valiosa para a aprendizagem e para a melhoria. Aprender a ver o feedback como algo útil e não pessoal, pode auxiliar a reduzir o medo associado ao julgamento.

No entanto, há que ter atenção a pressões culturais e sociais, nomeadamente em culturas - ou sociedades - onde o fracasso é estigmatizado e o sucesso é altamente valorizado, onde a pressão, para evitar o fracasso a todo o custo, pode ser imensa e intensa. Esta expectativa social pode fazer com que as pessoas desenvolvam um medo ainda mais agudo do julgamento.

Quando as pessoas conseguem relativizar o medo do julgamento (através da busca de feedback construtivo ou de qualquer outro mecanismo que se revele eficaz para cada pessoa), torna-se possível alcançar níveis mais elevados de satisfação pessoal.

Persistir em alcançar objetivos, sem um constante medo do julgamento, influencia, positivamente, a satisfação pessoal e sentimentos de realização, o que contribui para a felicidade pessoal e para a realização em termos mais amplos, seja relativamente a objetivos específicos ou no que respeita à atitude geral perante a vida.

Nota do autor: este texto expressa uma perspetiva pessoal enquadrada dentro de alguns parâmetros, não é um artigo científico, de natureza médica, prescritiva ou vinculativa. Também é importante notar que não se pretendeu fazer uma análise exaustiva, no futuro haverá novos textos que abordarão outras formas de olhar para estes mesmos tópicos.

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