Comparação social

por Mário H. Noronha

Tópico deste conteúdo: Como a comparação social contribui para o medo de falhar

A quem pode interessar ler: pessoas e profissionais

Durante este mês, abordaremos diferentes dimensões de como o medo de falhar afeta as realizações pessoais. Serão publicados 5 curtos textos sobre este tema (1 por cada semana) e, nesta primeira contribuição, procuramos olhar para um dos fatores que podem contribuir para esta consequência; a comparação social.

Quando alguém escolhe comparar-se, constantemente e de forma desfavorável, com os outros, especialmente em termos de conquistas e sucessos, isso pode exacerbar o medo de falhar.

Esse medo consistente do fracasso, pode diminuir a autoestima e a autoconfiança de uma pessoa, o que pode resultar numa profecia autorrealizada, isto é, o medo do fracasso provoca falta de confiança, o que, por sua vez, aumenta a probabilidade de fracasso, abrindo-se a possibilidade de ser criada uma espiral com resultados negativos ou, no mínimo, indesejados.

"O teto da comparação social é tão alto que praticamente ninguém o atingirá." - Morgan Housel

Uma solução possível poderia passar por algo que poderia ser designado por "experiências de exposição", ou seja, a pessoa expor-se - de forma gradual e segura - a situações em que existe o risco de insucesso, algo que pode auxiliar a dessensibilizar essa resposta ao medo. A ideia é que uma pessoa comece por situações de baixo risco e avance para situações gradualmente mais desafiantes.

Por exemplo, falar em público pode ser algo em que uma pessoa se compare com pessoas com muito mais experiência a falar perante audiências, pensando que, ou consegue ter um nível de desempenho idêntico, ou será sentir-se-á um desastre.

Tomando consciência de que se trata de uma comparação injusta ou desequilibrada, a pessoa poderá começar por praticar em frente ao espelho, poderá gravar vídeos sozinha e revê-los para introduzir melhorias em gravações seguintes.

A pessoa também pode reunir membros da família e, numa segunda fase, amizades mais próximas para falar sobre um tema sobre o qual se sinta confortável, entre outras possibilidades, aumentando, gradualmente e com o tempo, o grau de dificuldade. Durante esse processo, a pessoa poderá criar o seu próprio estilo, ritmo e fluidez, que poderá ser diferente daquele que é adotado pelas pessoas com quem se comparava inicialmente, sendo eficaz na mesma e ajustado às suas próprias características.

No entanto, é importante notar que, pessoas com baixa autoconfiança ou autoestima, podem duvidar das suas capacidades, tornando-os mais suscetíveis a esse medo de falhar. São pessoas que podem acreditar que não são suficientemente boas para alcançar os objetivos a que se propõem ou que desejam alcançar, o que pode, inclusivamente, prejudicar a sua disponibilidade para tentar construírem o seu próprio processo de evitar, contornar ou ultrapassar comparações literais com outras pessoas.

Quando se torna possível evitar, contornar ou ultrapassar comparações diretas com outras pessoas (que podem ser paralisantes, criar expetativas desadequadas ou gerar frustrações, entre outras consequências que podem necessitar de terapia certificada – algo que está fora do âmbito deste texto e para o qual não tenho competências profissionais certificadas) e que contribuem para o medo de falhar, abre-se espaço para um maior sentido de aventura e de exploração, no sentido em que, a falta de medo do fracasso, cria incentivos para explorar novos passatempos, carreiras e até culturas, o que promove o enriquecimento de experiências de vida e contribui para ampliar o leque de perspetivas que podem ser descobertas, ponderadas e desenvolvidas.

Nota do autor: este texto expressa uma perspetiva pessoal enquadrada dentro de alguns parâmetros, não é um artigo científico, de natureza médica, prescritiva ou vinculativa. Também é importante notar que não se pretendeu fazer uma análise exaustiva, no futuro haverá novos textos que abordarão outras formas de olhar para estes mesmos tópicos.

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